O resultado das provas começam a chegar e…
Por Tais Bento
Com o ano letivo a todo vapor, começamos a receber pedidos de socorro de mães desesperadas. O resultado das provas começam a chegar em casa e temos duas reações opostas, porém, igualmente inadequadas.
Pais assustados, começam a procurar explicação para as notas baixas fora de casa, em consultórios médicos ou na escola. Os filhos, por sua vez, ainda tranquilos, afinal, “foram só as primeiras provas, “pra que se apavorar?”
Vamos lá então ajudar para que as famílias possam aproveitar o que tem de melhor nas duas reações extremas e colocar a situação nos trilhos antes que, de fato, essa marola se transforme em um tsunami ao final do ano letivo.
Em primeiro lugar, pais, respirem fundo. Agora pensem que a situação não é com seu filho. Vamos fazer de conta que estamos falando do vizinho ou daquele sobrinho terrível, assim podemos enxergar melhor a situação, sem as desculpas que automaticamente vocês já criariam para aliviar a barra de seus filhos.
Há duas possibilidades: seu filho tirou uma nota baixa e todas as outras dentro da média e acima ou, como em alguns casos que recebemos, a situação inversa aconteceu: talvez uma nota na média e todas as outras abaixo, bem abaixo da média esperada.
No caso de uma nota ruim, não há porque entrar em pânico. A verdade é que uma reação negativa de sua parte pode até desanimar seu filho, já que ele realmente se esforçou ao ponto de ter boas notas em quase todas as matérias. O fundamental é que você mantenha seu foco em elogiar as boas notas e valorizar o esforço que foi colocado para alcançar esse resultado. Quanto à nota baixa, basta perguntar qual o plano para melhorar esta nota na próxima prova, dar um tempo de no máximo um dia para seu filho apresentar o que planejou e mostrar que confia na capacidade que ele tem para reverter a situação.
Se todas ou a maioria das notas foram ruins, sim, é este o momento para acender a luz de alerta, mas sem transformar a situação em um caos dentro de casa ou na relação com a escola.
Quanto mais tranquila for a reação, mais firme e segura você conseguirá ser em todos os aspectos necessários para ajudar seu filho a reverter a situação atual. E aqui vai o primeiro aspecto que você precisa aceitar para que possa ajudar: a responsabilidade pelas notas ruins é do seu filho e de mais ninguém. Eis o porquê tentar enxergar de fora – nada de procurar “o culpado” pelas notas baixas.
Ao tentar encontrar alguém a quem culpar, o foco da situação é totalmente desviado e, seja quem for o escolhido, nada ou muito pouco de produtivo poderá ser tirado para reverter o quadro.
Então, combinamos que não há culpados. O fato de você ter trabalhado demais, da professora de matemática ser brava demais, de seu filho ter ficado triste demais ou qualquer outro demais não deve ser usado como desculpa agora.
Se o responsável por estudar e tirar boas notas é seu filho, fica claro que ele pode, e deve, solicitar ajuda quando precisar, mas é ele quem vai ter que mudar algumas atitudes para que a situação não se repita. Seu papel como responsável é fundamental, guiando, apoiando, mostrando que acredita, estabelecendo e fazendo cumprir algumas regras. Mas nada disso vai adiantar caso seu filho não mude também.
A melhor maneira de conseguir isso é solicitar que ele faça uma lista das causas que podem ter gerado esse resultado. Lembre-se de não tratar cada matéria ou prova de forma isolada. Por exemplo, não é para ele pensar porque tirou 4,0 em Geografia, 5,0 em Ciências, 4,8 em Língua Portuguesa. A resposta que você quer dele é uma ideia do que pode ter causado tantas notas baixas. Para facilitar o entendimento se ele ainda for muito novo, você pode fazer uma média de todas as notas e o foco será neste número.
Dê a ele pelo menos de um dia para o outro para pensar em algumas possiblidades e volte a conversar. Ele deve trazer por escrito uma pequena lista dos motivos que podem ter gerado o resultado negativo. O objetivo final é que ele tenha, talvez pela primeira vez, a oportunidade de analisar suas próprias ações e comprometimento. Prepare-se para surpresas boas. Seu filho é mais inteligente do que as notas mostram. Geralmente falta a ele oportunidade para pensar sobre as próprias ações e para assumir responsabilidade que não podem ser passadas a ninguém, nem mesmo a vocês, responsáveis, que até então cuidavam de tudo!
No dia seguinte, deixe que ele fale. Não fale por ele. Ouça. Depois de ouvir a interpretação dele, pergunte o que ele pretende fazer para reverter a situação nas próximas provas. Novamente, seja paciente. Deixe que ele pense. Ouça. E somente agora, no momento em que ele assumiu a responsabilidade e precisa achar caminhos diferentes, você oferece uma pequena lista com suas sugestões de mudanças. No site, demos um exemplo de uma boa lista com 5 dicas para a hora que seu filho estiver estudando para as provas =)
Graduada em Pedagogia pela USP e Pós-Graduada em Marketing pela FAAP. Especialista em Aprendizagem cooperativa pela Universidade de Minessota e pela Universidade de San Diego e Aprendizagem baseada no funcionamento do cérebro pela Universidade de Virgínia. Autora do Projeto Socorro Meu Filho Não Estuda
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