Após risco de desligamento, Prefeitura informa que crianças com autismo acima de 7 anos permanecerão no GAIA
A rotina de dezenas de famílias em São José dos Campos foi tomada pela preocupação na última semana. Mães de crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) relataram insegurança diante da possibilidade de interrupção dos atendimentos realizados pelo GAIA (Grupo de Apoio ao Indivíduo com Autismo), instituição referência na cidade e conveniada à Prefeitura.
A apreensão surgiu após reunião realizada em 29 de setembro, quando foi informado às famílias que 48 crianças acima de 6 anos seriam transferidas para a rede pública municipal. O anúncio mobilizou mães que questionaram a perda de um acompanhamento considerado fundamental. O GAIA oferece serviços de neuropediatra, nutricionista, geneticista, psicóloga, assistência social e educador físico, em um modelo multidisciplinar que, segundo as famílias, não é encontrado na mesma forma na rede pública.
“Recebemos a notícia como um baque. Muitos de nossos filhos só evoluíram graças às terapias contínuas no GAIA. Não sabemos se terão o mesmo acompanhamento em outro local”, desabafou uma mãe integrante do grupo Aliança Mães Atípicas.
O convênio e a disputa por vagas
Em junho de 2023, a Prefeitura inaugurou uma nova ala no GAIA, fruto de parceria com a Secretaria de Saúde. O contrato previa o atendimento de até 150 crianças de 0 a 6 anos com hipótese ou diagnóstico de autismo. A instituição conta com 21 salas e mais de 60 profissionais em terapias integradas e acompanhamento médico especializado.
Segundo a presidente do GAIA, Sara Azibeiro, o contrato sempre contemplou a faixa etária até 6 anos, mas a instituição já havia proposto à Secretaria um projeto para ampliar os atendimentos até os 10 anos.
Nota de esclarecimento
Diante da repercussão, o GAIA divulgou nota oficial esclarecendo que a comunicação sobre a transição das crianças acima de 6 anos não foi uma decisão unilateral da instituição, mas sim em cumprimento a uma determinação da Secretaria de Saúde.
O texto informa que, em agosto deste ano, a Secretaria renovou o convênio do Projeto Integralidade por mais 12 meses, assegurando o atendimento de 150 crianças de até 6 anos. Posteriormente, o GAIA convocou as famílias para uma reunião no dia 29 de setembro, atendendo a uma solicitação formal da Secretaria. No mesmo dia, à tarde, a instituição recebeu novo comunicado informando que não haveria mais necessidade da transição e que os atendimentos seriam mantidos também para crianças acima de 6 anos já vinculadas ao projeto.
“Reafirmamos nosso compromisso com a transparência, a ética e, sobretudo, com as pessoas com Transtorno do Espectro Autista, mantendo-nos à disposição para dialogar e buscar soluções conjuntas que assegurem o melhor acolhimento às crianças e suas famílias”, destacou a nota assinada pelo GAIA.
Mobilização continua
Apesar do posicionamento oficial, famílias seguem mobilizadas em busca de garantias documentais. “Queremos clareza e segurança. Não podemos viver com a dúvida de que nossos filhos perderão o tratamento de um dia para o outro”, disse uma mãe.
O caso também chegou à Câmara Municipal. O vereador Anderson Senna (PL) relatou ter sido procurado pelas famílias, realizou reuniões com as mães e afirmou que acompanhará de perto a situação. “O GAIA é referência, e a cidade não pode deixar essas crianças sem tratamento. Vamos cobrar providências da Prefeitura para garantir que nenhuma fique desassistida”, disse.
Na sessão plenária do dia 30, mães exibiram cartazes pedindo a manutenção do convênio e ampliação dos atendimentos. Senna, integrante da Frente Parlamentar da Pessoa com Autismo, reforçou a necessidade de ampliar a cobertura para crianças de 7 a 12 anos. “Nosso papel é unir forças para resolver problemas antigos e dar dignidade às famílias”, declarou.
Enquanto isso, pais e mães seguem organizados em grupos e redes sociais para manter o tema em evidência. “Não queremos confronto, só queremos que nossos filhos continuem evoluindo. O tratamento não é luxo, é necessidade”, resumiu uma mãe.
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