Outro dia, uma mãe me disse:
“Ele passa horas jogando. Tento conversar, mas parece que o mundo dele está todo ali, dentro da tela.”
Fiquei pensando nessa frase. Quantas vezes nós, adultos, também nos perdemos nas nossas próprias telas? Respondendo mensagens, rolando notícias, vivendo no automático? Vivemos atravessados pela tecnologia, conectados o tempo todo, mas, paradoxalmente, cada vez mais distantes uns dos outros.
Quando um jovem nos chama para ver um vídeo, mostrar um jogo ou contar algo que aprendeu no YouTube, gesto que, aliás, vem se tornando raro, ele está tentando nos mostrar um pedaço do seu mundo. É nesse instante que o adulto é convocado. Mas, muitas vezes, responde com julgamento: critica o vídeo, o tempo gasto, o “excesso de tela”, em vez de se interessar, entrar na cena e transformar a curiosidade em ponte – não em barreira.
Pequenas perguntas podem abrir grandes caminhos:
“Como é esse jogo?”
“O que você mais gosta nesse vídeo?”
Quando o adulto se interessa e responde de outro modo, o digital deixa de ser um abismo e pode se tornar um território compartilhado. Há experiências positivas possíveis nesse espaço, desde que ajudemos nossos jovens a construir boas conexões, inclusive conosco.
O problema não é a tecnologia, mas o lugar que ela ocupa entre nós. O excesso, o apego digital, o isolamento, tudo isso pode ser cuidado quando deixamos de criticar à distância e nos aproximamos com presença. Não faz sentido se opor sem conhecer; é preciso construir junto outras formas de encontro.
A tecnologia não vai embora. Mas pode ganhar outro sentido quando o encontro humano volta a ser o centro.
Será que é possível transformar o tempo de tela em tempo de vínculo?
- Interesse na cena.
Peça para seu filho lhe mostrar o jogo, o vídeo ou o canal que gosta. O interesse abre espaço para o diálogo.
- Estabeleça combinados, não castigos.
Definir juntos os momentos de uso da tecnologia ensina responsabilidade e evita disputas de poder.
- Crie experiências fora das telas.
Um café juntos, uma caminhada ou um jogo de tabuleiro ajudam a lembrar que a presença ainda é o maior “like” que existe.
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