Palestrante motivacional, coach, ator, atleta e representante comercial de jogos educacionais para crianças. Ele não para! Nosso entrevistado deste mês é o bem humorado Evandro Bonocchi – 41 anos, casado com a Fabíola, que é Terapeuta em Reflexologia, pai do Domenico, de 4 aninhos e morador do Urbanova há 9 anos.
Handbike, basquete e, agora golfe! Depois de ter sofrido um acidente em 2005 que mudou o rumo de sua vida, passou a dedicar-se ao esporte como superação de limites.
Evandro, sua história motiva para muitas pessoas. Você poderia nos contar como tudo começou?
Sou de Jacareí, me formei como ator e atuei em teatro e televisão. Em 2003 vendi tudo – menos minha moto – para iniciar a carreira no Rio de Janeiro. Depois de 2 anos resolvi voltar para São Paulo. Fui trabalhar no litoral e na volta sofri um acidente de moto tendo como consequência uma paraplegia (lesão medular que impossibilita a movimentação dos membros inferiores). Eu tinha 29 anos e tive que reaprender a fazer tudo. Voltei a ser criança. Passei por um período difícil por não saber lidar com a situação. Mas ver a minha família sofrendo não me deixou satisfeito. E também nunca fui de dar valor para problemas. A pior coisa é a pessoa sentir pena de si mesma. Percebi que a recuperação dependia só de mim. Então fui fazer minha reabilitação no Hospital Sarah em Brasília para voltar a ser independente, me aceitar e ver novas possibilidades. Fui bem sucedido e em 40 dias já estava de volta e sendo pedido em casamento por minha namorada. Sim, foi ela quem pediu. E eu aceitei, claro.
Como venceu as limitações?
Lógico que a deficiência não é legal! Mas ela me fez uma pessoa melhor! É chato, principalmente o ir e vir, porque um degrau já não me permite chegar ao meu destino. Não enxergo o preconceito nas pessoas, mas sinto-o quando uma pessoa usa a vaga e o banheiro exclusivos, por exemplo. Aprendi e aprendo muito hoje em dia, principalmente porque antes do acidente eu era uma pessoa que corria atrás de ter as coisas, hoje eu quero fazê-las, realiza-las.
Desejo ter experiências boas com meu filho. E que, por sinal, até para tê-lo os médicos falaram que eu não conseguiria por conta da lesão. Mas sempre fui muito teimoso, com dificuldade de ouvir o ‘não’. A deficiência por vezes me motiva a fazer as coisas! E o Domenico está aqui, hoje meu maior incentivo para continuar.
De que maneira o esporte entrou em sua vida?
O esporte entrou na minha vida de maneira natural. Meus pais escolheram nos ver crescer (eu e meus irmãos) dentro de um clube, então primeiro veio o futebol, depois a natação, o basquete…não consigo me lembrar de alguma época da minha infância aonde não estava praticando algum esporte.
O golfe adaptado segue as mesmas regras da modalidade convencional. O que muda para vocês na maneira de jogar?
É exatamente igual, não muda em nada, desde que seja utilizado o equipamento ideal, no caso a cadeira PowerGolfer que inclusive me permite jogar de igual para igual com os golfistas andantes.
Você é único do país a utilizar essa cadeira específica para o golfe adaptado. Como surgiu essa oportunidade?
Comecei a dar as primeiras tacadas na minha cadeira de uso diário em 2011, foi paixão à primeira vista. Como sou muito inquieto, comecei a buscar informações na internet e descobri que desde 2002 os europeus jogavam nessa cadeira específica que permite ao cadeirante rodar pelo campo sem danificar a grama e a dar as tacadas em pé. No fim do ano passado entrei em contato com o fabricante na Alemanha, consegui um bom desconto, refinanciei meu carro para levantar o dinheiro e pronto, hoje jogo nessa cadeira que mudou meu jogo! Tudo isso só foi possível porque recebi da AESJ (Associação Esportiva São José) o titulo de sócio atleta para treinar e aperfeiçoar meu golfe.
Qual a sensação de conseguir jogar em pé?
É incrível!! Quando jogava sentado jogava apenas com uma das mãos e tinha muita dificuldade fazer a bola “viajar”, logo nas primeiras tacadas em pé, agora batendo com as duas mãos, eu pude perceber que não era tão difícil quanto imaginava.
A modalidade ainda é uma novidade no Brasil. A que você atribui essa baixa popularidade e ainda poucos adeptos?
Falando de um modo geral e não apenas do golfe, acredito que falta vontade ou ousadia por parte das PCD em se permitir ou experimentar algo novo. Falta também a iniciativa e acessibilidade nos campos e clubes do país. Hoje a Federação Paulista de Golfe, através de um departamento criado no ano passado vem trabalhando junto aos campos do Estado de SP que todos sejam acessíveis e passem a receber PCD para dar as primeiras tacadas.
Quais são as contribuições dessa modalidade para seu emocional?
Jogando golfe, trabalho muito a minha concentração, ação e planejamento. Então tento ser melhor a cada dia.
É um esporte que você não deve carregar o erro da tacada anterior para a próxima, senão seu jogo já era, o lance é perceber onde errou e ajustar a tacada…e isso é muito parecido com a vida, se parar e ficar se lamentando… não há evolução!
Você foi convidado a participar no mês de junho do 1º Torneio de Golfe Adaptado Luso Brasileiro, em Portugal e, se conseguir o apoio necessário para a viagem, será o primeiro golfista brasileiro em cadeira de rodas a representar o país na Europa. O que isso representa para você?
A ideia é sempre evoluir. Estou indo para Portugal para aprender com os melhores jogadores europeus. Quero trazer essa experiência para todos e quem sabe daqui há alguns anos o Brasil tenha uma equipe paralímpica de golfe com cadeirantes participando de campeonatos mundiais.
O que mais gosta do Urbanova? O que precisa ser melhorado no bairro?
Adoro o bairro! Minha opinião sobre o que deveria ser melhorado é polêmica, mas acredito que o principal seria baixar a velocidade dos carros…quando saio para passear vejo carros voando na Av. Possidônio…as pessoas perderam a noção de tudo…moramos em um lugar lindo, que ainda tem um pouco de natureza, temos voos de garças, tucanos, maritacas, pica-paus…e as pessoas não veem por que estão com pressa, trancadas em seus carros e reclamando uma segunda entrada/saída para o bairro!
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