FLIM enfrenta crise após veto à participação de Milly Lacombe; evento segue confirmado

0
Foto: PMSJC

A 11ª edição da Festa Literomusical de São José dos Campos (FLIM), marcada para acontecer entre os dias 19 e 21 de setembro no Parque Vicentina Aranha, enfrenta uma forte crise após o cancelamento da participação da jornalista Milly Lacombe. O caso ganhou repercussão nacional.

Milly havia sido convidada para participar da mesa de abertura da FLIM pela curadoria do evento, organizada pela AFAC (Associação para o Fomento da Arte e da Cultura). A presença da jornalista, no entanto, gerou reação de parlamentares de direita, como o vereador Thomaz Henrique (PL), a deputada estadual Leticia Aguiar (PL) e o vereador Senna (PL), que iniciaram uma campanha contra sua participação. As críticas foram motivadas por declarações de Milly sobre o conceito de família tradicional, feitas em um podcast.

No trecho que gerou polêmica, a jornalista afirma:
“Esse negócio de família tá f**** a gente. Família é um núcleo produtor de neurose. Essa família tradicional, branca, conservadora, brasileira. Gente, isso é um horror. É a base do fascismo.”

Com a repercussão, o prefeito Anderson Farias anunciou o veto ao nome de Milly. Em declaração, ele afirmou:

“A Flim é um evento tradicional da cidade, com público de vários segmentos, um ambiente para todos. Precisa haver respeito. Foi uma questão muito pontual que motivou o pedido para que ela não participasse. A cultura deve unir, não desagregar. Cada pessoa precisa arcar com aquilo que fala. A declaração que ela fez foi infeliz e, além disso, preconceituosa. A Flim vai acontecer normalmente. As pessoas que desistirem por vontade própria serão substituídas, e faremos os ajustes necessários. Esse episódio é algo pontual diante da grandiosidade da Flim. Ela atacou a família brasileira. Com todo respeito à diversidade, mas, em espaço público, como gestor, sempre tomarei a decisão de preservar os valores da família. Fui eleito com base nesses princípios e continuarei a defendê-los. Isso não é censura.”

Após o cancelamento, Milly publicou um vídeo em suas redes sociais alegando que suas falas foram tiradas de contexto e manipuladas. Ela disse ainda que passou a receber ameaças e, por motivos de segurança, optou por não comparecer ao evento.

Em apoio a jornalista, o escritor Xico Sá anunciou sua saída da mesa de abertura. O coletivo de curadoria, formado por Bianca Mantovani, Alice Penna e Costa, Tania Rivitti e Bruna Fernanda, também deixou o evento, afirmando que a decisão inviabilizou o trabalho desenvolvido e contrariou o tema desta edição, voltado à diversidade e à alteridade. A polêmica tem gerado uma onda de cancelamentos de participantes, e, apesar de a AFAC garantir a realização da FLIM, o clima é de incerteza.

A AFAC afirmou, em nota, que respeita a decisão de curadores e escritores, mas seguirá trabalhando para a realização da festa literária. Já a Fundação Cultural Cassiano Ricardo ressaltou que não organiza a FLIM, sendo responsável apenas pela Semana Cassiano Ricardo, realizada em paralelo no mesmo espaço, com curadoria do jornalista joseense Julio Ottoboni.

Programação confirmada

Mesmo em meio à crise, a FLIM mantém atividades entre os dias 19 e 21 de setembro, com mesas literárias, apresentações musicais e programação infantil gratuita. A organização ainda não anunciou substitutos para a mesa de abertura e demais painéis que também tiveram desistência. 

A Semana Cassiano Ricardo terá debates, palestras e a entrega do Troféu Cassiano Ricardo. Estão confirmados nomes como a cineasta Iara Cardoso, a doutora em literatura Andrea Barros e o fotógrafo Ricardo Martins. Também haverá uma mesa sobre literatura e saúde mental, além da criação de uma agência experimental de notícias para jovens interessados em jornalismo cultural. “O grande ato de resistência é manter o festival em atividade.”, declarou Julio Ottoboni, curador da Semana Cassiano Ricardo.

Manifestação

Grupos ligados à esquerda de São José dos Campos anunciaram uma manifestação para sexta-feira (19), às 18h, no Parque Vicentina Aranha, em protesto contra o veto à participação de Milly Lacombe. Segundo os organizadores, o ato pretende “resistir e ocupar esse espaço com  bandeiras”, com distribuição de panfletos, adesivos, camisetas e máscaras representando a jornalista, além de articulação com artistas locais.

Fique por dentro de tudo o que acontece no Urbanova e região !
Siga nosso Instagram: @revistaurbanova
Clique aqui e faça parte do nosso grupo de notícias no WhatsApp!
Sugestões de pauta:jornalismo@revistaurbanova.com.br
Comercial: comercial@revistaurbanova.com.br

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui