Menos árvores no Urbanova
Clarissa Passos
Embora o corte das 181 árvores em área particular na Av. Lineu de Moura tenha sido regularizado e aprovado pela prefeitura, e 1.590 mudas de espécies nativas deverão ser plantadas como compensação, a sensação de quem passa pela avenida ultimamente é de vazio. Aqueles cinturões verdes com frondosos eucaliptos rentes à pista faziam parte do cartão postal da entrada do bairro.
Por ora, ainda podemos prestigiar sua imensa área verde que ficou atrás e já avistar alguns prédios do bairro vizinho. Mas os impactados diretos, sem dúvida, foram para as espécies da fauna que ali habitam e que utilizavam essas árvores como abrigo e alimentação. E ainda, as consequências climáticas e naturais que já fazem parte do nosso cotidiano, como aumento de ilhas de calor com as elevadas temperaturas e baixa umidade do ar que estamos presenciando ultimamente.
Especularam-se melhorias viárias na pista, já que estamos passando por problemas no único acesso ao bairro, porém a Secretaria de Transportes informou que não há projeto viário de alargamento naquela área. Como o terreno é particular ainda não se sabe o que será construído no local.
O vereador Rogerio Cyborg como membro da Comissão do Meio Ambiente da Câmara Municipal encaminhou um requerimento solicitando do Prefeito Municipal informações detalhadas sobre a origem do processo que autorizou a supressão das árvores e para que fim a área será destinada. O prazo para resposta oficial é de 15 dias.
Para o biólogo Marcelo Godoy, que é perito e auditor ambiental, ele acredita que deveriam ter liberado a supressão de forma gradativa, possibilitando que a fauna ali existente, pudesse ter tempo para migrar para outras áreas e que só deveriam ter liberado o corte quando as mudas da compensação estivessem iniciando o estágio ambiental da área a ser suprimida. Sendo assim, a parte seria compensada com as novas mudas já em estágio avançado.
Segundo a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, a remoção das espécies foi licenciada junto a Prefeitura de São José dos Campos e está dentro da legalidade. Das 181 árvores, 161 são eucaliptos antigos, com potencial de queda e colados na via pública, tendo o proprietário o direito de removê-los mediante abertura de processo administrativo junto à prefeitura. “Como compensação ambiental, o proprietário deverá promover o plantio de 1.590 mudas de espécies arbóreas nativas, conforme Termo de Compromisso Ambiental nº 21/2015 firmado com a Secretaria”, relatou a assessoria.
“Seria interessante o município valorar cada exemplar da flora no município, assim conseguiremos brecar esse extermínio de árvores em nossa cidade. Sendo assim, ela terá um preço que é calculado abrangendo uma série de fatores como exemplo, a condição da copa e sua capacidade de absorção de CO2, contribuição na fauna, seu valor paisagístico, entre outros. Com isso, conseguiríamos taxar os valores de cada árvore e certamente as pessoas que solicitam o corte das mesmas, iriam pensar duas vezes para simplesmente pedir a supressão, pois terão que além de compensar, pagar o valor de cada árvore”, complementou o biólogo.
“Temos que parar de achar que a destruição do ambiente natural e da biodiversidade esta longe, somente na Amazônia ou no pantanal. O aquecimento global, a perda da biodiversidade, as mudanças climáticas e hidrológicas estão mais que provadas, são resultados de ações inconsequentes do homem no planeta. Precisamos fazer parar com derrubadas daquela ou da outra árvore, dar um basta em ações poluidoras, economizar, evitar o desperdício de água e de alimentos. Devemos ser fiscais da natureza e impedir que ações negativas ao meio ambiente e a vida não sejam aprovadas pelo poder público”. Marcelo Godoy, biólogo.
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