Os ultraprocessados já compõem 23% da dieta dos brasileiros, aponta uma série de artigos publicados nesta terça-feira (18) por mais de 40 cientistas da Universidade de São Paulo (USP) na revista Lancet. A pesquisa revela que esse aumento não é exclusivo do Brasil: em 93 países analisados, o consumo de produtos ultraprocessados cresceu, com exceção do Reino Unido, onde se manteve em 50%. Nos Estados Unidos, os ultraprocessados representam mais de 60% da dieta.
O termo “ultraprocessados” se refere a produtos altamente industrializados, prontos para consumo, como biscoitos recheados, refrigerantes, macarrão instantâneo e iogurtes saborizados. A classificação organiza os alimentos de acordo com o grau de processamento, ajudando a entender seu impacto sobre a dieta e a saúde.
Segundo o estudo, o aumento global do consumo é consequência da atuação da indústria alimentícia, que gera vendas anuais de US$ 1,9 trilhão e influencia dietas em escala mundial.
As evidências científicas associam dietas ricas em ultraprocessados à ingestão excessiva de calorias, menor qualidade nutricional e maior exposição a aditivos químicos. Uma revisão de 104 estudos de longo prazo mostrou que 92 deles registraram risco elevado de doenças crônicas, como câncer, diabetes tipo 2 e problemas cardiovasculares.
O estudo mostra que, em diferentes países, o consumo de ultraprocessados cresceu de maneira expressiva. Na China, passou de 3,5% para 10,4%; na Espanha e na Coreia do Norte, triplicou em três décadas; e na Argentina aumentou de 19% para 29%. Inicialmente consumidos por pessoas de maior renda, esses produtos se espalharam para outros grupos sociais, segundo os pesquisadores.
Entre as recomendações dos autores estão a sinalização clara de aditivos, restrição desses produtos em escolas e hospitais, regulamentação da publicidade voltada ao público infantil e sobretaxação de ultraprocessados para financiar alimentos frescos.
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