Por: Marcelo Guedes
Nessa edição vou falar um pouco sobre os elementos vazados ou cobogos, peças funcionais com aberturas que possibilitam a passagem de ar e luz para o interior dos ambientes.
O elemento vazado é um artefato construtivo cuja ideia inicial era criar estruturas para paredes a fim de manter a ventilação dos ambientes.
Sua inspiração baseou-se nos Muxarabis, elementos da arquitetura árabe que permitem a ventilação de casas e preservam a privacidade das famílias que nelas residem.
A denominação cobogo surgiu em Recife na década de 1920 com a sigla dos engenheiros Amadeu Oliveira COimbra, Ernest August BOeckmann e Antonio de GOis, uma vez que o calor nordestino sempre foi marcado pelas altas temperaturas.
Inspirado na arquitetura moura os “cobogo” são elementos que consistem em treliças de madeira instaladas nas sacadas e janelas das casas, no intuito de permitir a abertura destas sem para tanto possibilitar que as mulheres fossem vistas da rua. Uma ideia simples e barata, que se popularizou rapidamente passando nos anos de 1940 e 1950, ocupou o interior das casas através de divisórias de ambientes e hoje retorna com tudo na decoração.
Inicialmente, esses elementos foram fabricados em concreto e com o passar do tempo adotaram outros materiais em sua composição como cerâmica, vidro, acrílico, pvc, resina, ferro e madeira, entre outros.
Existem inúmeras vantagens e benefícios na utilização desses materiais na construção civil. Por se tratar de um recurso estratégico que aumenta a eficiência bioclimática, separando ambientes sem prejuízos à luz natural e ventilação, é amplamente empregado nas mais diversas soluções construtivas.
Por seu aspecto geométrico favorável, customização de fácil trabalhabilidade e processo fabril excelente, o seu uso permite construção mais racionalizada, observando: ventilação, iluminação e controle solar – vetores de qualidade e conforto ambiental.
Além disso, contribui para a melhoria na qualidade do ar por meio da circulação constante em ambientes, devendo ser utilizado de forma adequada pra se obter os melhores resultados. Também, tornando vários ambientes aprazíveis e reduzindo gastos com energia elétrica em função da não utilização de climatização artificial.
Quando o assunto é iluminação, o elemento vazado torna-se um excelente dispositivo em função da refração e dissipação dos raios solares incidentes sobre a edificação ou estrutura. Dessa forma, a iluminação é distribuída entre os ambientes de maneira harmônica e equilibrada.
Alguns modelos possuem características especiais como: elemento vazado Veneziana, que permite ventilação e iluminação, protegendo o ambiente contra entrada de água por meio da chuva e traz iluminação e ventilação.
Elementos Vazados Combinados – Utilizados juntos e de maneira harmônica, criam uma paginação decorativa, protegendo o ambiente e trazendo também iluminação e ventilação.
Comum em muros, paredes e fachadas, permite ventilação e luminosidade, com vários modelos e medidas.
Muito presente no estilo da arquitetura modernista nas décadas de 1950 e 1960, principalmente nas grandes obras do arquiteto Lúcio Costa, iniciou sendo utilizado na divisão de espaços internos e também, na composição de fachadas ventiladas.
Como o próprio nome já diz, a estrutura é vazada, ou seja, é necessário um cálculo preciso e detalhado quando aplicada em áreas com alturas superiores a 3 metros. Esse cálculo é importante devido à fragilidade que essas peças apresentam quando submetidas a cargas de compressão. Importante seguir as normas brasileiras na sua aplicação pra ter melhores resultados e manter a segurança.
Por isso, agora use e abuse desses “cobogos” nos ambientes, afinal saber ter qualidade de vida e ser sustentável é ser politicamente correto.
Importante saber contratar um bom profissional arquiteto ou designer para obter sucesso no seu resultado, pois, hoje a arquitetura e a decoração têm muitas soluções práticas, e funcionais.
Marcelo Guedes é Arquiteto e Urbanista formado pela Universidade Braz Cubas de Mogi das Cruzes. Integra o projeto Caminhos da Arquitetura. Atualmente é Professor Universitário da Universidade Anhanguera, Senac e FAAP. Trabalha com Projetos de Arquitetura e Projeto de Interiores, especializado em Luminotecnica e Planejamento e Gerenciamento de Projetos.
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