Por Cláudia Del Corto
Dezembro costuma ser barulhento. Músicas de fim de ano, festas, convites, encerramentos, listas, retrospectivas. Mas, paradoxalmente, é justamente nesse mês que mais precisamos, e menos abrimos espaço, para as pausas: esses pequenos intervalos que ajudam crianças e adultos a organizar o que viveram.
Vivemos em um tempo que valoriza o registro contínuo: fotos, mensagens, vídeos, conquistas compartilhadas. Mas aquilo que realmente nos transforma quase nunca aparece nas imagens.
As crianças, especialmente, sentem o excesso desse período. A rotina muda, a escola se despede, chega a ansiedade pelo novo e as expectativas das festas aumentam. Algumas ficam mais agitadas, outras mais sensíveis, outras simplesmente quietas. Isso não é sinal de problema. É sinal de que estão tentando acompanhar, por dentro, o ritmo acelerado do mundo lá fora.
O desafio é que, sem perceber, vamos preenchendo todos os intervalos: atividades, viagens, celebrações, deslocamentos, telas. E o que fica sem espaço? A pausa necessária para que a criança, e nós, possamos respirar e recriar o próprio tempo.
Criando pausas no cotidiano
Um dia sem compromissos – sem metas, sem horários rígidos, sem a obrigação de “aproveitar”. Para muitos, isso já é um presente.
Caminhar sem destino – dar uma volta no quarteirão, observando a cidade, o céu, as casas, o cheiro do fim de tarde. Sem pressa. Sem objetivo.
O ritual de não fazer nada – deitar e olhar para cima, ou simplesmente fechar os olhos. Parece simples, e é. Mas produz um silêncio fértil que pode nos organizar por dentro.
Guardar o celular por um momento – descobrir o que só acontece quando estamos desconectados. Não como regra rígida, mas como um gesto de brincadeira.
Quando desaceleramos, o tempo deixa de nos empurrar e começa, enfim, a nos acompanhar.
Cláudia Del Corto é pedagoga com especialização em psicopedagogia e psicanálise.
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