Estamos prontos para recomeçar?

Por Cláudia Del Corto

À medida que as férias se encerram e a rotina retoma seu curso, a pergunta essencial emerge: estamos verdadeiramente preparados para esse retorno? Este é o momento propício para explorarmos o significado desse recomeço. As crianças e jovens que enfrentam mudanças no ciclo escolar ou de ambiente contam com o apoio consciente da família e da escola, que se preparam e amparam esse início.

Entretanto, para aqueles que permanecem no mesmo ambiente, mesmo após avançar de ano, como passar do 6º para o 7º ano na mesma escola ou participar das mesmas atividades do ano anterior, a adaptação muitas vezes é encarada pelos adultos apenas como uma questão de retomada e horários, acreditando que isso se resolva nos primeiros dias.

Podemos nos acostumar e adaptar ao recomeço sim. A adaptação efetiva considera não apenas o ajuste temporal, mas a capacidade de retomar considerando as mudanças. O tempo passou, ocorreram transformações físicas, sociais, emocionais, cognitivas, entre outras. Mesmo ao retornar à rotina habitual, não somos mais os mesmos, e o mesmo ocorre com nossas crianças e jovens.

Uma mãe falando para a filha que se queixava que as coisas começaram mais difíceis esse ano: “Você já fazia tudo isso no ano passado. Seus horários não mudaram. Não sei por que reclama tanto! Logo, você se acostuma.”

Ressalto que a adaptação não se limita apenas aos horários; vai além. Recomeçar implica engajar-se ativamente em uma nova jornada, trazendo consigo experiências inéditas mesmo no mesmo ambiente, com as mesmas pessoas. É crucial compreender que recomeçar demanda tempo e precisa de incentivo e apoio dos adultos. É essencial o reconhecimento sobre a necessidade do tempo necessário para os recomeços, bem como considerar as dificuldades que possam surgir, sem banalizá-las ou diminuí-las.

Cláudia Del Corto é pedagoga com especialização em psicopedagogia e psicanálise. 

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