Por Veridiana
Não fui eu quem adotou o Gordo — foi ele quem me escolheu. Em 2021, ao mudar minha oficina para a Vila Letônia, em São José dos Campos, um gatinho siamês começou a aparecer todos os dias. Magro, com o olho machucado, me esperava como se soubesse meu horário. Já tinha quatro gatos e tentei resistir, mas ele foi ficando.
Cuidei dele diariamente. Ganhou peso, ficou gordinho — daí o apelido — e nosso apego cresceu. Numa forte chuva, o encontrei tremendo dentro de um bueiro. Levei para o banheiro da oficina, mesmo com protestos. Dei banho, cuidei e só pedi que não comesse meus peixes.
Percebi que ele queria estar sempre comigo. Adaptei uma coleira e o levava para a rua. Quando não ia, ficava com a vizinha. Na oficina, virou o “patrimônio”, querido por todos.
Depois, com mudanças na minha vida pessoal, levei o Gordo comigo. A adaptação em casa foi difícil, mas juntos encontramos um novo jeito de viver. Conquistou minha mãe, meu irmão e os outros gatos. Criou manias e virou meu companheiro fiel.
O Gordo é meu potinho de felicidade. Cura dores, mau humor, e me espera chegar. Usa roupas, adora bandanas e se acha o dono do pedaço. Com ele, aprendi que o amor mais puro pode vir com bigodes, patinhas e um coração gigante.
Toda criança — ou adulto — deveria ter um bichinho. Eles são afeto, cura, companhia. Eles nos escolhem — e nos transformam para sempre.