“Onde coloquei as chaves?”
Por Tais Bento
(Janeiro de 2016)
Devido ao grande número de atividades que fazemos simultaneamente e ao enorme aumento de informações que invadem nossa mente o tempo todo, nosso cérebro desenvolveu um mecanismo para lidar com mais do que de fato consegue processar. Este mecanismo é chamado por alguns cientistas de Ponto Cego Cognitivo. Outros denominam esse fenômeno como Cegueira por falta de atenção.
Um exemplo bem comum ao nosso dia a dia é a seguinte situação: você chega do supermercado cheia de sacolas. Enquanto abre a porta, escuta o telefone telefone tocando. Ao abrir a porta, o cachorro tenta sair. Suas mãos ainda cheia de sacolas, você atende o telefone, coloca as sacolas na mesa enquanto fala e depois de desligar o telefone, surpresa: não encontra as chaves!
O “sumiço” das chaves acontece porque o filtro de atenção passou do limite dos que consegue manter! A ação de colocar as chaves em algum lugar ficou em seu ponto cego cognitivo.
Nosso cérebro ignora aquilo que pode estar à nossa frente, mas que não é foco de atenção naquele momento. Por isso duas pessoas descrevem um mesmo cenário de formas tão diferentes.
Este mesmo processo ocorre quando seu filho faz tarefa ou estuda para a prova em um ambiente tumultuado ou enquanto acessa redes sociais e manda ou recebe mensagens de texto. Simplesmente o cérebro não assimila o que as mãos podem estar escrevendo ou os olhos lendo. E lá se foi aquele tempo todo perdido. Pior: o espanto de todos quando os resultados das provas chegam e há testemunhas, na própria família, de que a criança ou adolescente estudou sim: todos se lembram de tê-lo visto sentado por horas com seus livros. Seu cérebro, porém, assim como no caso das chaves desaparecidas, não tem a mínima ideia de onde foi parar todo o conteúdo que ele pensava estar estudando!
Taís Bento
Graduada em Pedagogia pela USP e Pós-Graduada em Marketing pela FAAP. Especialista em Aprendizagem cooperativa pela Universidade de Minessota e pela Universidad
e de San Diego e Aprendizagem baseada no funcionamento do cérebro pela Universidade de Virgínia.
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