Como o buffet de sorvetes pode contribuir para um ano letivo de sucesso

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Por Tais Bento 

Como o buffet de sorvetes pode contribuir para um ano letivo de sucessoÚltimo domingo das férias para milhares de famílias de todo o Brasil. Um calor típico do verão tropical. Destino certo para o final da tarde dos privilegiados por terem um trabalho e uma renda razoável: um buffet de sorvetes!

O que era para ser um momento para relaxar e refrescar acaba se transformando em uma grande inspiração para um post de volta às aulas: será que os pais conseguem perceber a riqueza de oportunidades que um simples passeio como esse pode oferecer? Não, minha resposta é “certamente, não!”

Enquanto saboreava meu delicioso sorvete, observava distraída, a princípio, o movimento todo dos adultos e das crianças desde a chegada à sorveteria até a partida em direção a seus carros.

Gostaria de poder filmar as cenas para mostrar para os pais durante nossas palestras, na esperança de que se reconheçam e percebam a necessidade de mudar. Meio que no piloto automático, todos seguem mais ou menos o mesmo ritual. Os filhos são colocados no papel de chefes ou monarcas a serem atendidos, enquanto os pais, súditos a desesperadamente tentar adivinhar e atender as ordens – muitas vezes não explicitadas, diga-se de passagem.

Na prática, o que acontece é: um dos pais vai para a fila, enquanto o outro tenta conter o filho que corre por entre as mesas, pessoas e cadeiras. No caso de filhos maiores, ignoram a fila e servem-se como se tivessem prioridade.

E aí entra a pergunta que não quer calar: como será a adaptação dessas crianças na volta ou início das aulas? Como será a relação com colegas e professores na escola?

A partir da próxima semana, um cenário triste começa a se desenrolar na vida de cada uma delas. Ou terão em breve a suspeita de hiperatividade, ou passarão os próximos dois meses causando uma tragédia na vida dos próprios pais, professores, coordenador da escola e até mesmo dos colegas da classe.

Muitos pais já têm a resposta pronta neste momento – e em tantos outros nos quais perderam a oportunidade de ensinar seus filhos a conviver em sociedade: “ah, deixa ele/a ser criança”!

Uma pena! Quase que um crime contra a própria criança, que vai pagar caro pela falta de senso de responsabilidade de seus pais.

Uma criança que senta na cadeira e come sua refeição à mesa ainda é uma criança. Uma criança que aprende a ter autonomia para servir sua própria comida, que come sozinha, que pede licença e que aprende a respeitar espaços e dividi-lo com outras crianças e adultos não deixa de ser criança por isso. Apenas se torna uma criança segura, feliz, autônoma, auto confiante por ser educada.

Ajudar seu filho a desenvolver habilidades para o convívio social é, no mínimo, um ato de responsabilidade. Isso requer força e amor suficientes para tirar o foco de você, pai ou mãe e colocar no filho o ponto de atenção.

Sim, quando é difícil para você ajudar seu filho a se livrar das fraldas, a ficar sentado por alguns minutos enquanto come ou a não correr entre as mesas de um restaurante ou a obedecer a ordem de uma fila já formada, o foco está em você, pai ou mãe. É o seu próprio esforço e sofrimento que você está tentando evitar e não o do seu filho.

Criança educada não deixa de ser criança. Criança que respeita o tempo de espera da fila, da chegada do prato no restaurante, do caixa no supermercado ainda é uma criança.

Há sim, de fato, uma enorme diferença da criança que cresce alheia a todo o esforço que o convívio social requer para aquela que tem a grande sorte de ter pais que assumem sua responsabilidade: esta criança vai ter uma relação muito mais saudável e positiva com o aprendizado formal.

Não existe aprendizado sem algumas habilidades cuja responsabilidade pelo desenvolvimento é da família: paciência, autonomia, senso de responsabilidade, entre outras.

As crianças que chegam na escola com essas habilidades estão prontas para explorar um mundo enorme de oportunidades e fazer descobertas, abraçar o novo, construir novas relações e se descobrir. Vão aprender melhor. Serão pessoas mais felizes.

Agora pare por um minuto somente e pense: a partir do primeiro dia de aula e ao longo do ano letivo, considerando que a professora terá mais 15 ou 20 crianças em uma sala de aula, como você espera que seu filho se comporte? Em relação às habilidades que você teve pena de ensinar, afinal o buffet de sorvetes é lugar para se divertir e seu filho é somente uma criança, como você espera que ele se vire sem elas?

Infelizmente, o jeito é terminar o texto desejando aos professores e às crianças boa sorte!

Quem sabe no futuro possamos somente desejar um bom ano letivo para todos!

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